Descubra como tratar e evitar esta doença, que é
comum no verão
A dengue é uma
doença febril aguda causada por quatro subtipos virais: DEN1, DEN 2, DEN 3 e
DEN 4. A sua transmissão está estritamente relacionada aos seguintes elementos:
a fonte de vírus viável e a existência do vetor (mosquito Aedes aegypti).
A fonte de vírus
viável inclui o indivíduo com dengue, pois a pessoa possui o vírus circulante
na corrente sanguínea, durante a manifestação da doença. A presença do mosquito
transmissor, em área próxima de doentes, constitui a combinação de fatores que
mantém a disseminação da enfermidade pela população. Para cortarmos a cadeia de
transmissão é necessária a eliminação de focos e criadouros do inseto e
notificar aos órgãos responsáveis pela vigilância em saúde para atendimento de
pacientes com diagnóstico de dengue. Os profissionais do serviço de controle de
zoonoses buscam os focos de criadouros do mosquito, nas proximidades de onde
mora o paciente, como medida de prevenção de controle da doença na população.
A dengue é uma
doença de transmissão predominantemente urbana e apresenta maior incidência em
épocas de clima quente e de maior umidade. Atualmente, casos da enfermidade são
confirmados na cidade de São Paulo e nos diversos municípios do país. Os
sintomas incluem necessariamente a febre, acompanhada de dores musculares e
articulares, dor de cabeça, prostração e inapetência (falta de apetite). Na
criança, eles podem vir acompanhados de náuseas e vômitos. Em geral, a febre e
os sinais associados regridem em período não superior a uma semana (a presença
de febre alta persistente por mais de uma semana é altamente sugestiva de um
outro diagnóstico que não o da dengue).
Os sinais de
alerta para a forma grave da doença incluem: manifestação hemorrágica
espontânea (sangramento nasal e da gengiva, manchas hemorrágicas na pele),
tontura acompanhada de desidratação. As manifestações da dengue são detectadas
pelo exame clínico em consulta, acompanhado do hemograma (exame de sangue que
permite avaliar sinais de hemoconcentração e diminuição da contagem de
plaquetas). Todo o paciente com hipótese diagnóstica da doença deve ser
avaliado e monitorado quanto aos sinais de gravidade clínica, sendo indicada a
hospitalização em casos de dengue com comorbidades ou mesmo na forma grave da
doença.
O tratamento de
pacientes com dengue inclui a prevenção, controle de complicações hemorrágicas
e a garantia de preservação dos sinais vitais, por meio de hidratação e alívio
dos sintomas. Para confirmação diagnóstica da doença, é realizado exame
sorológico que deve ser colhido a partir do 6º dia do início da febre. Quando
ele é realizado antes desse período, é possível que o resultado gerado indique
o “falso negativo”. A avaliação identifica anticorpos produzidos pelo organismo
do paciente contra o vírus e quando feito em período inferior a 6 dias de
febre, pode ser insuficiente para detecção dos anticorpos e produção deles pelo
organismo.
Não há ainda
vacina disponível para prevenção contra a dengue, sendo fundamental as boas
práticas para evitá-la, reduzindo-se os criadouros do mosquito transmissor da
doença. No entanto, quando um indivíduo adquire a doença causada por um subtipo
viral específico (DEN 1, 2,3 ou 4), torna-se imune contra aquele específico e
não desenvolve doença se for exposto novamente ao mesmo tipo de vírus. As
formas graves da enfermidade estão associadas a novas infecções por subtipos de
vírus diferentes daqueles que causaram a infecção passada.
Para o controle da
dor e da febre não podemos utilizar medicamentos à base de salicilatos (por ex.
aspirina), devido aos riscos de manifestações hemorrágicas, sendo indicado o
uso de paracetamol.
Portanto, a
presença de febre e prostração em crianças nesta
época do ano (verão), exige maior cuidado. A consulta ao pediatra é parte da
estratégia para o diagnóstico e tratamento precoces, reduzindo-se os riscos de
complicações relacionadas à dengue em pediatria.
Por Prof. Dr. Milton S. Lapchik